quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Forbes | Saúde Mental no Trabalho: 1 em Cada 4 Profissionais Brasileiros É Triste, Diz Estudo

País é o sétimo mais estressado da América Latina – o que pode custar caro às empresas

O Brasil é o quarto país com mais profissionais tristes ou com raiva diária na América Latina, segundo estudo da consultoria Gallup, que entrevistou 128 mil pessoas em mais de 160 países. Com 25% de profissionais tristes, o país ficou atrás apenas da Bolívia (32%), de El Salvador (26%) e Jamaica (26%) no ranking, e empatado com Equador e Peru. Em relação às pessoas com raiva, o top 3 ficou com Bolívia (25%), Jamaica (24%) e Peru (19%), seguidos pelo Brasil (18%).

Os brasileiros também ocupam a sétima posição entre os mais estressados da região: 46% afirmam sentir estresse diariamente. “Nem todos os problemas de saúde mental estão relacionados ao trabalho, mas o trabalho é um fator nas avaliações da vida e nas emoções diárias”, afirmam os autores do relatório. Segundo eles, o ambiente profissional pode desempenhar um papel significativo no enfrentamento da crise de saúde mental no mundo.

Problemas de saúde mental dos profissionais geram uma perda de US$ 8,9 trilhões (R$ 48,7 trilhões) à economia global anualmente

Superando o Brasil, Bolívia (55%), República Dominicana (51%), Costa Rica (51%), Equador (50%), El Salvador (50%) e Peru (48%) estão ainda mais estressados, conforme o ranking. Enquanto isso, os profissionais do Paraguai (34%) e da Jamaica (35%) são os que enfrentam menos estresse na América Latina.

Países com profissionais mais tristes na América Latina

Bolívia (32%)

El Salvador (26%)

Jamaica (26%)

Brasil (25%)

Equador (25%)

Peru (25)

Nicarágua (24%)

República Dominicana (23%)

Venezuela (23%)

Argentina (22%)

O impacto da liderança na saúde mental

De acordo com a pesquisa, profissionais mal geridos são 60% mais propensos a experimentar altos níveis de estresse. Outras pesquisas reforçam esses impactos: no mundo todo, os gestores e líderes têm mais influência sobre a saúde mental dos seus funcionários do que os médicos e terapeutas, e o mesmo impacto que os cônjuges ou parceiros, segundo pesquisa do The Workforce Institute da UKG.

Outros gatilhos no ambiente de trabalho também podem desestabilizar o estado emocional dos profissionais. Entre eles, a especialista cita:

Carga de trabalho excessiva e falta de recursos para lidar com as demandas;

Falta de reconhecimento e oportunidades de desenvolvimento;

Ambiente com assédio moral ou falta de segurança psicológica;

Incerteza sobre o futuro, envolvendo medo de demissões ou mudanças organizacionais muito súbitas;

Conflitos interpessoais e dificuldades de relacionamento;

Isolamento e sensação de falta de apoio, especialmente em ambientes de trabalho remoto.

A solidão diária afeta uma em cada cinco pessoas no mundo, segundo o estudo da Gallup, mas pode ter um peso extra para os brasileiros. “As relações interpessoais têm impacto significativo no nosso bem-estar e na definição de quem somos. Por isso, a solidão interfere diretamente no engajamento e na produtividade”, diz Simone Nascimento, médica mestre pela Universidade de Lisboa e especialista em saúde mental corporativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

Além do peso do ambiente de trabalho, questões econômicas e políticas também têm alto impacto, segundo o estudo. “A realidade socioeconômica do Brasil, com altos índices de desigualdade e incerteza econômica, cria um ambiente propício à insegurança, estresse e raiva.”

Custo trilionário

Problemas de saúde mental dos profissionais não impactam apenas as suas vidas, mas também podem custar caro às empresas. Mais precisamente, uma perda de US$ 8,9 trilhões (R$ 48,7 trilhões) à economia global anualmente. “Esses sentimentos podem levar ao esgotamento, alto turnover, problemas de saúde física e aumento do absenteísmo.”

Como melhorar a saúde mental no trabalho

Para melhorar o cenário do Brasil no ranking e sua posição em relação aos sentimentos de raiva, tristeza e ao estresse, Simone Nascimento destaca o papel das empresas em abordar o bem-estar mental dos seus funcionários. “Com a Lei 14831, que institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, e o aumento de iniciativas para promoção de ambientes de trabalho mais inclusivos e conscientes, é possível que esses números melhorem.”

Entre as melhores práticas, a médica destaca a importância de fomentar uma cultura de bem-estar, desenvolver políticas de trabalho flexíveis e promover treinamentos para gerenciar as emoções. “Para sentir que o trabalho e a vida valem a pena, é preciso saber equilibrar os sentimentos negativos, por vezes inevitáveis, com os positivos.”

Fonte: Forbes.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Mães, Pais, Filhos, Trabalho e Projeto de Vida

 Por Nicholas Maciel Merlone


Maurício Dominguez Perez é o autor da obra: “Em busca de Equilíbrio: Trabalho, família e projeto de vida”. No capítulo A situação da mulher no work life balance, inicia suas reflexões afirmando que as mulheres passam por três grandes desafios: 1) ser profissional; 2) ser esposa e viver um projeto familiar; e 3) ser mãe.



Perez pondera que todos os desafios mencionados são vivenciados por uma pessoa que pensa, sente e atua como mulher, com toda sua feminilidade. Em certo ponto do livro, cita o caso de uma filha que se casaria em breve e o pai, workaholic, se dá conta de que mal conheceu a própria filha, aos choros (citando Stephen Kanitz). Realmente… “Não há como voltar ao passado e reconquistar o afeto dos filhos”. Em outro trecho, Perez aborda o caso de uma mulher do governo americano, que percebeu que o magnífico trabalho era inconciliável com a educação dos filhos. Assim, decidiu que não voltaria ao trabalho enquanto seus filhos não fossem adultos.



E reflete que todas as mulheres almejam conciliar trabalho e família, porém todas devem fazer renúncias que os homens não fazem. Com efeito, a ausência da mãe fere a criança, é preciso ter um bom marido, mas isso não é suficiente. Nesse sentido, há arrependimentos… “Eu deveria ter tido coragem de viver a minha vida e não a vida que os outros esperavam de mim”; e ainda: “Eu não deveria ter trabalhado tanto”. Tudo isso vem de pais de família, que sofriam por ter perdido a infância dos filhos e a companhia das esposas. Aqui, eu acrescento… A vida é uma só e não volta atrás, é uma peça de teatro que não permite ensaios. Perez, então, diz que a mulher não pode ficar sozinha nesse contexto, além dela os homens, as empresas e o poder público devem participar. Com razão, as leis devem assegurar à mulher um salário compatível com o do homem, a licença maternidade etc. Além disso, há também a necessidade de políticas corporativas inteligentes, que retém mulheres competentes com horários flexíveis e jornadas de trabalho reduzidas. Nesse cenário, não se deve transferir as dificuldades que a mulher enfrenta para as estruturas sociais, para o ambiente corporativo ou para os governos. Na realidade, as mulheres igualmente devem tomar decisões e combater os desafios corretamente. De fato, a cultura empresarial pode tornar a vida fácil ou difícil, porém a solução dos problemas é sempre pessoal, tomando as decisões conforme as prioridades. Nesse rumo, é realmente importante fazer refeições diárias em família, onde se conversa, ouve-se, pede-se conselhos. Sob certa ótica, segundo o autor, a família “é uma escola de vida”. Uma mãe com vários filhos pode ser uma boa gestora, tanto que o autor não hesita em dizer que não teria dúvidas em recrutar mulheres com experiência do lar e filhos já crescidos. Finalmente, Perez destaca a relevância de se ter algum hobby, algum voluntariado, servir a comunidade.



Além disso, a revista Você RH, ago/set de 2024, trata do mesmo tema: Filhos OU E Carreira. Inicialmente, na capa, estampa: “Quase metade das mulheres sai do trabalho com a chegada de um bebê - e os homens, com cinco dias de licença, não têm tempo para aprofundar os laços com as crianças”. A matéria explicita que são raras as mulheres que possuem a chance de não interromper a carreira para se tornarem mães. Quase metade (48%) sai do mercado profissional. Existem poucas mulheres em cargos de liderança, apesar de serem maioria nas faculdades. Infelizmente, não há políticas para apoiar e valorizar homens e mulheres, que têm filhos. As mulheres são as mais afetadas, afinal, geralmente, assumem as responsabilidades domésticas e os cuidados com os filhos. Mas os homens também perdem, pois não têm a chance de serem pais presentes. O problema está nas leis (p.ex. licença-paternidade), bem como na cultura organizacional das empresas, com falta de flexibilidade e compreensão. Pais, não raras vezes, têm de empreender, para conciliar o trabalho com a terapia dos filhos. O bom é que algumas empresas implementam políticas para que se concilie filhos e carreira. Permite-se a ausência para uma reunião escolar, a reorganização da equipe frente a uma licença maternidade e receber de volta as mamães, retendo talentos. Nesse caminho, é preciso planejamento, como benefícios e projetos de sensibilização das lideranças, sendo um plano de longo prazo, de modo a criar um ambiente de trabalho amigável. O bem-estar parental gera maior produtividade. E, considerando as necessidades de todos, aumenta-se o crescimento econômico e financeiro das empresas. De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a duração média da licença paternidade no mundo é de 9 dias, de forma que estamos abaixo da média global. Fatidicamente, as regras da licença paternidade precisam ser revistas. Neste ponto, o Senado está debatendo a licença para os pais, de 5 para até 75 dias. É necessário promover uma conexão maior entre pais e filhos, com prazos maiores de licença para os homens. Neste momento, pode-se estar perguntando, como apoiar pais e mães. Então, enumera-se as principais políticas e práticas para uma cultura de bem-estar parental: 1) apoio no retorno da licença; 2) licença paternidade estendida; 3) jornadas flexíveis; 4) programas de mentoria; 5) avaliações de desempenho e recrutamento; 6) criação de redes de apoio; 7) políticas claras de não retaliação; 8) salas de amamentação e auxílio creche; 9) programas de apoio psicológico; e  10) sensibilização e educação. Horários flexíveis, trabalho híbrido, on demand, podem ser alternativas. Porém, há casos em que nem todo cenário permite esse tipo de política. É o que acontece com o Hospital Albert Einstein, em que a grande parte dos profissionais faz plantões e as mulheres são 70% dos funcionários. Por isso, o hospital tem uma creche há 40 anos, que atende 300 crianças de até 3 anos de idade, filhas de funcionárias da instituição, com o suporte de pedagogas. A diretora-executiva de RH do hospital, Miriam Branco, defende: é fundamental analisar a situação de cada colaborador, colocá-los como protagonistas… e agir. Não tem como fugir. O bom é que todos têm a ganhar. E, por fim, digo com palavras que passam, mas que ficam… o tempo é uma raposa, quando nos damos conta, ele já se foi sem percebemos


E assim cito a banda Legião Urbana: “Todos os dias quando acordo, Não tenho mais O tempo que passou, Mas tenho muito tempo Temos todo o tempo do mundo…”

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