quinta-feira, 13 de junho de 2024

Resenha da Obra Optimal Como Atingir o Desempenho Máximo nas Equipes e na Liderança

 

 Por Nicholas Maciel Merlone

Professor na Pós-graduação do Senac de Gestão Estratégica de Pessoas, desde 2014. Mestre em Direito pelo Mackenzie. Bacharel em Direito pela PUC/SP. Autor de vários artigos, ensaios e resenhas em revistas especializadas e periódicos científicos. Pesquisador, Articulista, Advogado e Escritor. Instagram: @gepadm025. Fale comigo: nicholas.merlone@gmail.com


Como citar: MERLONE, Nicholas Maciel. Resenha da Obra Optimal Como Atingir o Desempenho Máximo nas Equipes e na Liderança - A inteligência emocional revisitada. (Daniel Goleman & Cary Cherniss) junho/ 2024. https://gepadm.blogspot.com/. Acesso em: <...>.


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Vamos tratar nesta resenha a obra Optimal Como Atingir o Desempenho Máximo nas Equipes e na Liderança - A inteligência emocional revisitada; de autoria de Daniel Goleman, autor de Inteligência emocional, tido como um dos 25 livros de gestão e negócios mais influentes pela revista Time. Psicólogo graduado pela Universidade de Harvard, durante 12 anos escreveu sobre ciência para o New York Times. De Dan, a Objetiva também publicou Foco, Inteligência social, Liderança, A ciência da meditação, dentre outros. Suas obras foram traduzidas em mais de 40 idiomas.  E também de autoria de Cary Cherniss, professor e diretor do programa de psicologia organizacional da Rutgers University. Igualmente, atua como consultor de empresas, sendo especializado em inteligência emocional, estresse no trabalho, desenvolvimento de lideranças e mudança organizacional.


Introdução


Nossa disposição otimizada


Inicialmente, os autores remetem ao leitor se colocar na pele da atleta croata Ajla Tomljanovic na quarta rodada do US Open de 2022. Na ocasião, ela derrotaria a americana Serena Williams em que seria o último jogo dessa lenda do tênis. Serena venceu o torneio de Grand Slam 23 vezes e, além disso, nesse dia jogava no auge de suas habilidades. O que aconteceu? Ajla lembrou do conselho do pai e manteve o foco. Ela manteve um foco intenso por mais de 3 horas e jogou a melhor partida de sua carreira, derrotando Serena em 3 sets.

O esplêndido desempenho da croata no jogo exemplifica o flow, uma condição de completa imersão em que o indivíduo realiza alguma coisa no máximo de sua capacidade. Tal foco extraordinário nos auxilia a dar nosso melhor. Ademais, o estado emocional é também relevantíssimo. Atletas de alta performance se referem a isso quando falam em “jogo mental”, o que requer estado interno e foco, sendo determinantes  para a vitória.

Ocorre que, na maioria das vezes, o flow se refere a momentos efêmeros da vida. Os autores preferem um objetivo realista e fácil de realizar, bem como uma sensação gratificante de um dia bom e produtivo. A isso denominam o vocábulo “optimal” ou “otimização”.

No caso da atleta croata, ela realizou o foco extremamente aguçado, se encontrando em estado otimizado, obtendo, assim, o melhor desempenho possível.

No que se refere ao desempenho, o modelo otimizado busca dar o melhor de si. Enquanto isso, o ideal do flow, almeja a um padrão excessivamente elevado. Nesse sentido, é preciso silenciar a voz crítica na cabeça e se concentrar no trabalho do agora.

Estar em estado otimizado é enfrentar com inteligência as próprias emoções, ou seja, ter inteligência emocional (IE). Com razão, a IE auxilia no trabalho a na vida pessoal.  Os autores, assim, refletem:

“Almejar ter um dia simplesmente satisfatório, e não uma experiência fantástica na condição de flow, proporciona a chave para a conquista e a realização - sem mencionar que previne o esgotamento emocional.”

Os autores, então, perguntam por que este livro agora. E isso se resume ao fato de que a “IE constitui um mapa para atingirmos nosso melhor desempenho possível.” E arrematam: “A necessidade de IE não só em nossa vida pessoal, mas na sociedade como um todo parece ser maior do que nunca.”


Parte 1


O caminho da inteligência emocional para o desempenho optimal


  1. Chegue ao estado optimal


Os autores listam elementos necessários para atingir um estado otimizado e ter um dia excelente:

  • ser mais criativo, enxergando os obstáculos como desafios;

  • ser mais produtivo, entregando um trabalho de elevada qualidade;

  • sentir-se bem, num estado de espírito positivo;

  • estar mentalmente lúcido, obtendo pequenas vitórias em direção a um objetivo maior;

  • assumir uma perspectiva positiva, de comprometimento com seus esforços;

  • oferecer e receber suporte nos relacionamentos.

“Esses elementos de nossa experiência subjetiva do estado optimal revelam uma visão interna. Mas, como veremos no próximo capítulo, observar de fora como operamos quando nos encontramos nesse estado reflete os benefícios da inteligência emocional em um grau surpreendente.”, refletem os autores.


  1. Inteligência emocional e o resultado financeiro


Resumo dos benefícios da IE


O grande espectro de benefícios de ter a IE elevada pode ser visto como o estado otimizado, enxergando de fora, por meio da visão do que é relevante para uma empresa. Nesse rumo, ter maior IE fazem você:

  • ser mais produtivo, engajado e ter melhor desempenho em qualquer emprego, em todos os níveis;

  • avançar na carreira;

  • ser melhor em vendas;

  • gerar mais receitas para sua empresa; (grifo nosso)

  • ser mais eficaz;

  • ser visto como mais confiável;

  • sentir-se mais satisfeito com seu trabalho e comprometido com o que faz;

  • apresentar menor tendência a mudar de emprego;

  • ajudar os outros quando precisam;

  • evitar comportamentos como intimidação, atrasos recorrentes ou ociosidade;

  • desfrutar de uma saúde melhor.

Tudo isso, em conjunto, pode ser visto como “visões externas de alguém em estado otimizado”. 


Parte II

Detalhes da inteligência emocional


  1. A inteligência emocional revisitada


O bem-estar está diretamente ligado à ideia de IE. A IE trata das habilidades pessoais e interpessoais. A IE foi incorporada no vocabulário do cotidiano. Mas o que se entende por IE? Apesar das divergências, há alguns princípios básicos.

No âmbito interno, há a autoconsciência e a consciência social. Já na esfera externa correspondente, há a autogestão e a interação social. Assim, é preciso conhecer a si mesmo, suas emoções e sentimentos, para poder gerir e administrar tais elementos na vida social. Igualmente, é preciso ter consciência do exterior para poder interagir socialmente.

Além disso, é preciso ter empatia, se colocar no lugar do outro, reconhecer seus sentimentos e emoções, para um melhor relacionamento, mantendo a sintonia com o outro. 


A IE, assim, é relevante para a boa gestão dos relacionamentos de qualquer área, no mundo acadêmico, profissional ou pessoal.  Nos estudos, as notas raramente refletem as habilidades de trabalho em equipe, liderança, ou menos ainda, criatividade. Daí a importância da IE.

“Mas vamos expandir nossa ideia de quem exatamente pode ser chamado de ‘líder’. A essência da liderança se resume a influenciar outras pessoas de alguma forma. Nesse sentido, todo mundo é um líder: cada um tem sua esfera de influência, seja sobre um pequeno grupo, seja com um alcance mais amplo. Professores, chefes de família, círculo de amizades - todos lideramos, de um modo ou de outro. Assim as competências de IE se aplicam a cada um de nós.”, refletem e concluem os autores.


  1. Autoconsciência aplicada


Lembretes para a autoconsciência


  • permaneça atento. Tenha a prática de prestar atenção e ignorar as distrações;

  • faça uma autoavaliação interna;

  • controle a conversa mental. Assuma expectativas mais realistas. Tenha metas ambiciosas, mas esteja preparado para os fracassos. “As distrações mais fortes derivam dos sentimentos turbulentos. Combater os pensamentos que alimentam essas emoções ajuda a superar a perturbação e manter o foco.”

  • permaneça focado. “treinar a atenção para perceber quando a mente vagueia nos permite permanecer focado na tarefa, lidar melhor com as distrações e extrair nosso melhor desempenho.”

O estudo sobre esse tipo de atenção unificada demonstra os seguintes ganhos:

  • ficamos mais calmos;

  • ficamos mais concentrados;

  • temos mais facilidades para ser multitarefas;

  • aprendemos melhor e ficamos mais focados;

  • raciocinamos com mais qualidade.


“Quando nosso foco é sólido como uma rocha, ficamos impermeáveis às distrações [...] A concentração também significa que podemos permanecer direcionados aos nossos objetivos, ao que é importante, a despeito da multiplicidade de chamarizes cruzando nosso caminho. De forma que a autoconsciência - base de nossa capacidade de concentração - funciona como uma porta de entrada para o estado otimizado.”, ponderam os autores.

Nessa direção, consultores da McKinsey examinaram a “fórmula” interior dos sujeitos em seus estados otimizados - os quais demonstravam um fantástico nível de energia, autoconfiança e eficácia e ainda eram extremamente produtivos. E concluíram que a motivação para tais extraordinários desempenhos consiste num senso inabalável de propósito, de significado quando o indivíduo faz o que realmente importa para ele e para os demais. 

Os autores prosseguem: “Junto com o foco, outra função subvalorizada da autoconsciência é como ela nos ajuda a encontrar o que é importante para nós, nosso sentido de propósito.”

Quando Steve Jobs descobriu que tinha câncer mortal, fez um discurso emocionado para os alunos de Stanford: “Não deixem a voz da opinião alheia abafar sua voz interior. E, o mais importante, tenham a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer ser.” É preciso, portanto, escutar nossa voz interior. 

“Quanto melhor ficamos em interpretar nossa intuição, mais aproveitamos nossa experiência de vida para tomarmos decisões. A autoconsciência nos proporciona clareza acerca de nossos valores e senso de propósito, permitindo-nos ser mais determinados ao traçar um curso de ação. Claro que a pessoa pode cometer equívocos ao achar que está seguindo sua intuição, mas a autoconsciência nos ajuda a ler esses sentimentos entranhados de forma mais precisa.”, afirmam os autores.


O Valor agregado da autoconsciência


Sob uma nova perspectiva da autoconsciência, o modelo otimizado valoriza duas vantagens. Aplicar a autoconsciência: 1) fortalece nosso foco e concentração, para identificar e afastar as distrações; e 2) escuta as sutis sensações em nossos corpos, que nos informam se o que estamos fazendo no momento nos proporcionam os sentimentos de um estado otimizado ou não.


Além disso, há mais uma capacidade nevrálgica oriunda da autoconsciência que nos ajuda a permanecer com a disposição otimizada: a boa autogestão. 

A seguir, os autores destacam a relevância do “bom humor”, como quando brincamos com nossos filhos, rindo com eles. Porém, quando brigamos no trabalho, há uma combinação de energia alta e desagradável. Para tanto, devemos dar uma caminhada, para esfriar a cabeça, ou  adiar uma conversa, para refletir melhor, “Nem sempre podemos controlar o que acontece conosco, mas sempre podemos controlar nossa reação.”

“O último passo, o de regular, sugere o quanto lidar com nossas emoções depende antes de mais nada de tomar consciência delas, como veremos no próximo capítulo.”, concluem os autores.


  1. Autogestão e controle cognitivo


De modo geral: “cada uma das competências de autogestão se baseia na autoconsciência; a falta dessa capacidade fundamental para reconhecer nossos sentimentos e pensamentos nos impede de dar o passo seguinte, que é administrá-los adequadamente. As competências de autogestão da IE entraram para o léxico popular com nomes como “mindset de crescimento” (positividade), “garra” (realização) e “agilidade” (adaptabilidade). Nossa habilidade em cada uma delas pode ser aprimorada com o aprendizado adequado, como adaptar nosso mindset ou abraçar as mudanças e se adaptar. Todas essas competências entram em jogo quando lidamos com as tensões inevitáveis ocasionadas por nossa vida e nosso trabalho”, sintetizam os autores.


  1. Do esgotamento à resiliência


De forma panorâmica: “Embora as competências de autoconsciência e autogestão nos proporcionem maior controle sobre nossa vida, elas não são o suficiente para melhorar nossos relacionamentos. Ser excelente para os seus próprios fins não necessariamente significa que a pessoa se importa com os outros, tampouco que é compassiva. Muito menos que aprecia trabalhar em equipe, oferece uma visão e um propósito que sirvam de inspiração para os demais, ou os ajuda a desenvolver seus pontos fortes para conquistarem maior efetividade. Ampliar seus objetivos para além do sucesso pessoal abre caminho para relacionamentos melhores, para ser um integrante valorizado da equipe e para se tornar um ativo em sua comunidade ou organização. Tudo começa pela empatia.”, resumem os autores.

Assim, podemos dizer que o equilíbrio emocional - ou “resiliência ao estresse” - combinado com outras competências de autogestão, nos oferece elementos necessários para o alto desempenho, o sucesso na carreira e uma vida “vitoriosa”. 

Então, aqui cabe trazer as vias da resiliência:

  • encontre significado; 

  • concentre-se no trabalho do momento, mesmo frente a um nível tóxico de estresse;

  • administre o conflito entre trabalho e família;

  • mude o que for possível - Já diziam: “Conceda-me a serenidade para aceitar o que não posso mudar, coragem para mudar o que for possível e sabedoria para perceber a diferença”;

  • mantenha algum senso de controle;

  • faça uma pausa - “precisamos reservar um tempo, para deixar de fazer coisas e simplesmente existir”. Lembre que num estado de exaustão emocional, o resultado pode ser o burnout. “E, quando a questão é reduzir o estresse, há uma ferramenta específica: equilíbrio emocional.”

  • respire profundamente;

  •  agradeça.


  1. Empatia


Genericamente, a empatia pode ser vista como “a habilidade de saber o que o outro percebe, pensa ou sente.” Trata-se de uma habilidade fundamental para a vida em sociedade, de modo a facilitar nossas relações e relacionamentos. Seria como nos colocar “na pele dos outros”. Por ela, sentimos as emoções do outro, pelas expressões faciais, o tom de voz, bem como os gestos. Além disso, “saber como a outra pessoa se sente a cada momento nos permite falar e agir de modo mais preciso.” Assim, importar-se com os outros faz diferença, já que sentimos sua dor e seu sofrimento, o que nos faz estar presentes para eles, tendo compaixão e bondade. Como competência, empatia quer dizer como percebemos os sentimentos dos outros e como eles veem o mundo. Temos, portanto, “uma preocupação genuína com o bem-estar das pessoas.” Por fim, a empatia é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Com isso, a generosidade e a bondade podem ser disseminadas.

Nessa linha, a empatia se aplica a todas as relações, sejam elas: familiares, amigáveis e, mesmo, no ambiente de trabalho. No trabalho, “os líderes põem o foco nesses modelos exemplares, a norma se espalha mais rapidamente e se enraíza mais profundamente na cultura da organização.”


Aumentando a Empatia


  • pratique o mindset solidário;

  • encontre um ouvido compreensivo - o modo pelo qual nos escutam pode nos fazer sentir valorizados ou ignorados, portanto, ser tratado com civilidade é relevante. Uma pesquisa demonstrou que a polidez e o respeito diminuem o nível de estresse emocional. Por outro lado, a grosseria e a falta de respeito, o aumentam.

  • pratique a bondade - outro modo de promover a compaixão consiste em dar o exemplo, como ajudar pessoas de rua. 


Consciência Organizacional


A consciência da rede social prova o elevado nível de IE. Tal consciência é conhecida como “consciência organizacional”, o que se aplica desde uma família até uma grande corporação. Tal entendimento das redes sociais nos possibilita “a amadurecer como um senso de consciência organizacional em nosso local de trabalho. Essa competência possibilita que apliquemos nossa empatia a um nível maior, caracterizando sensibilidade no que se refere ao sistema do qual integramos, seja numa família, seja numa grande empresa. 


Por fim, os autores sintetizam:


“A efetividade dos relacionamentos depende de nossa empatia. Da empatia brota uma destreza interpessoal que nos permite influenciar, guiar e até inspirar mais prontamente os que nos cercam - assim como nos conectar para obter um impacto ideal.”


E a revista Forbes proclama e resume:


“A empatia é a mais importante habilidade de liderança de todas.”


Os autores, então, pontuam e encerram: “As vantagens de uma cultura empática variam enormemente, compreendendo o aumento da inovação, maior engajamento, retenção de talentos, sentimentos de inclusão e até melhor equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho”.


  1. Gestão dos relacionamentos


“O feedback de desempenho é sem dúvida necessário.”, refletem os autores. Isto para ajudar o colaborador a realizar seu trabalho melhor na próxima oportunidade. Um feedback bem realizado requer disciplina e empatia. “Uma crítica em público pode ser devastadora.”

“Nossa efetividade nos relacionamentos resulta da empatia: quando carecemos dessa conexão [...] fracassamos em nos conectar de uma maneira que fortaleça os elos humanos.” Nesses ventos, a confiança atua com uma figura relevante para a organização ser avaliada como um local ótimo para trabalhar.

Sobre instrutores e mentores cabe ressaltar: “a melhor mentoria ajuda a pessoa que recebe instrução a ir atrás de seus objetivos de vida e a desenvolver mais pontos fortes, em vez de simplesmente avaliar seu desempenho do momento.”

Acerca da influência, Darcy Winslow, competente pela área de pesquisa avançada da Nike, notou os dados de uma pesquisa toxicológica sobre os materiais utilizados nos tênis da corporação. Depois de várias conversas, com colaboradores influentes, todos criaram uma solução que nunca havia sido pensada antes e, atualmente, a Nike adota a meta de zero toxicidade em todos seus produtos. Nesse percurso, Peter Senge, o cientista de sistemas do MIT que narra essa história, aponta que ter tal influência “ocorre informalmente com pessoas que são boas ouvintes, respeitam a cultura da empresa e estão em busca de janelas de oportunidades.” Para ele, seu engajamento não é com a solução reativa dos problemas, mas com o pensamento criativo, e elas “constituem uma massa crítica” que “as apoia em disseminar sua influência.” 

Nessa toada, “a influência se baseia em relacionamentos sólidos.”, pontuam os autores. E avançam: “Pessoas hábeis na competência da influência fortalecem a confiança dos relacionamentos e exercem um impacto positivo nos outros, obtendo o apoio de figuras-chave mediante persuasão e engajamento. Para fazer alguém mudar de ideia, é preciso primeiro estabelecer uma forte conexão, de modo que ele fique mais aberto ao que temos a dizer. E, como a liderança implica recorrer a outros para atingir bons resultados, gerentes e executivos hábeis em influenciar são mais bem-sucedidos.” E prosseguem: “Enquanto uma consciência organizacional aguçada permite perceber quem toma as principais decisões, é a competência da influência que nos revela qual é a melhor maneira de fazer determinada pessoa ficar na mesma sintonia que nós. As ações de Darcy na Nike são exemplos de ambas as habilidades.”

Assim, pode-se dizer que: “Uma abordagem bem-sucedida para influenciar os outros se resume a apelar a suas motivações mais profundas.”

Abordando-se a inspiração, os autores afirmam: “Líderes fortes na habilidade de inspirar os outros são capazes de orientar as pessoas a obter resultados articulando uma missão compartilhada que as motive. Eles proporcionam um senso de propósito que vai além das tarefas rotineiras dos funcionários e os inspira a não somente fazer o trabalho, mas também a dar o melhor de si.”

Tratando-se dos conflitos no ambiente de trabalho, estes “devem ser encarados como uma oportunidade para aprender, para fortalecer um relacionamento, e como uma habilidade de liderança que pode ser aprimorada.”, pensam os autores. Enfim, “Empatia sempre ajuda.”, ponderam.

“Cada uma das competências de relacionamento da IE oferece maneiras de reforçar e fortalecer nossa conexões com as pessoas que mais importam para nós, tanto na vida privada como profissional. A influência em si exige um relacionamento sólido em que haja confiança. Inspirar os outros significa primeiro se sintonizar ao que achamos mais significativo e usar a empatia para articular esse propósito da melhor maneira para criar um elo emocional. Tanto a mentoria como a resolução de conflitos dependem de uma conexão subjacente forte o bastante para lidar com os contratempos. Ter relacionamentos que prosperem é um sinal de que estamos em uma disposição otimizada.”, refletem e resumem os autores.

Os autores, assim, finalizam: “as competências de IE se revelaram fundamentais para o sucesso pessoal e para a eficiência de grupos de todo tipo, de igrejas e escolas a organizações sem fins lucrativos, governos, negócios e corporações de todos os tamanhos. A vantagem da IE, como as pesquisas confirmam, é importante para líderes, equipes e unidades de negócios como um todo - o que veremos na terceira parte.”


Parte III


A inteligência emocional no trabalho


  1. Os muitos nomes da inteligência emocional


As competências de IE recebem nomes diferentes. Porém, os seus fundamentos permanecem os mesmos. “A autoconsciência, por exemplo, nos ajuda a sintonizar com nosso senso de propósito e possibilita a gestão de nossas emoções; o equilíbrio emocional e as demais competências de autogestão nos permite manter a agilidade na reação aos novos desafios, ser positivos e resilientes em face dos reveses e não perder nossos objetivos de vista a despeito de aborrecimentos que distraiam nossa atenção.”, dizem os autores.

Igualmente, “a empatia oferece uma base para habilidades indispensáveis, como as capacidades de influenciar e inspirar, de instruir as pessoas para que aperfeiçoem seu próprio conjunto de habilidades, de detectar e resolver diferenças, e de ser um ótimo membro de equipe.”, sinalizam os autores.

Como dito, os nomes que a IE recebe variam muito de empresa para empresa. Neste ponto, os autores destacam: “Toda empresa (e toda família, aliás) representa uma cultura única, que inclui seus modos particulares de se referir ao conjunto de habilidades da IE. Mas há um consenso surpreendentemente amplo de que todos precisam da IE.”


A seguir, os autores abordam as “soft skills” (habilidades comportamentais) e as “hard skills” (habilidades técnicas). Embora as últimas sejam importantes, como aptidões financeiras e operacionais; as primeiras são mais relevantes para as empresas, como trabalho em equipe, saber escutar bem e se comunicar com clareza.

Tais competências emocionais são procuradas em diversos cargos, como CEOs e diretores, como esclarece o artigo da Harvard Business Review:

“Atualmente, as empresas precisam contratar executivos que sejam capazes de motivar forças de trabalho diversas, experientes e globais; que possam desempenhar o papel de embaixadores corporativos, lidando efetivamente com todos os stakeholders, de governos a ONGs influentes; e que consigam aplicar suas habilidades em uma nova empresa com rapidez e eficiência.”

Por fim, tais competências não se aplicam somente ao alto escalão. Na realidade, se aplicam a todos os níveis das organizações.

Não importa o nome que a IE receba. Importa, sim, que ela “reside no coração da liderança eficaz.”, frisam os autores.

Outro ponto. “A inserção da inteligência emocional na cultura corporativa pode ser sutil.” Às vezes, sua inserção na cultura organizacional ocorre sem que os colaboradores percebam. Daí o amadurecimento do conceito de IE, sendo vastamente aceito e valorizado como um pressuposto. Trata-se, na verdade, de um conceito usado para atingir os objetivos do negócio.

Algumas roupagens da IE: autoconsciência, autogestão, empatia e habilidades de relacionamento.

Outras denominações são usadas por empresas, como Google, Merck, Citibank e outras, como “presença executiva”, que seria a empatia para prestar total atenção a quem interagimos; “escutar o cliente”, outra aplicação da empatia; ou ainda, “liderança com carisma”, a capacidade de motivar as pessoas para que estas deem o seu melhor, encontrando seu propósito. Há também “ser um bom mentor” ou “desenvolver as equipes” ou “ser colaborativo” ou saber trabalhar em equipe., isto é, trabalhar com os outros para atingir um objetivo comum.

O artigo da Harvard Business Review traz alguns exemplos do que seriam as “soft skills”:

  • habilidades sociais;

  • inferir como o outro pensa - variedade de empatia cognitiva;

  • escutar e se comunicar bem;

  • trabalhar bem com pessoas diversas;

  • ter autoconsciência;

  • gerir conflito;

  • ter adaptabilidade.

De acordo com pesquisas, há uma lacuna de IE  entre os líderes das organizações. Diante dos desafios atuais, dá-se maior valor à adaptabilidade. Nesse sentido, as crises são grandes e, com isso, valorizam-se a estabilidade e a resiliência. Isto é, o equilíbrio emocional, como qualidades de liderança, empatia e ao coração. 

Por fim, os autores ressaltam alguns pontos-chave:

  • as competências de IE se encontram disseminadas pelas empresas, porém pode ser difícil identificá-las, pois foram renomeadas, conforme a cultura de cada empresa;

  • a procura por “soft skills” é cada vez maior;

  • a IE difere do QI e outras habilidades cognitivas afins. Porém, tais habilidades viram mais concretas se o indivíduo mostrar também IE.

E encerram: “Contudo, como veremos, a vantagem da IE é a marca de líderes excepcionais, de equipes mais destacadas e até de unidades de negócios inteiras.”


  1. Liderar com inteligência emocional


Os autores trazem alguns pontos-chave para a IE de líderes. “Ter aptidões em IE - particularmente autoconsciência e empatia - aumenta seu impacto positivo. Líderes capazes de ser mais abertos sobre seus sentimentos são vistos como mais autênticos, construindo confiança em seus relacionamentos. Uma pesquisa revela que a liderança com IE elevada prevê que os colaboradores terão maior satisfação no trabalho, melhor desempenho e se sentirão mais engajados. Tudo isso contribui para a lucratividade e o crescimento. Por outro lado, líderes tóxicos - os de baixa IE - obtêm resultados fracos em todas essas métricas. Liderar implica trabalho emocional, algo que pode ser desgastante. Mas há muitas maneiras de aumentar a IE de um líder, incluindo o desenvolvimento de maior resiliência emocional. Em resumo, uma liderança emocionalmente inteligente pode exercer um imenso impacto no bem-estar e no desempenho dos funcionários, promovendo seu estado otimizado. Os líderes podem aumentar ainda mais seu impacto quando desenvolvem e cultivam a IE dos demais. Imagine o que isso significa para uma equipe.”


  1. Equipes emocionalmente inteligentes


Os autores ressaltam alguns pontos a lembrar: “o desempenho de uma equipe depende em grande medida da forma como os membros do grupo interagem, isto é, de suas normas. No Google, descobriram-se equipes de alto desempenho com um forte senso de ‘segurança psicológica’, ou seja, cujos membros tinham senso de pertencimento. Essa sensação de segurança reflete uma norma de autoconsciência coletiva sem julgamentos críticos, uma das várias normas de IE encontradas nas equipes de melhor desempenho. Essas normas de IE coletivo assemelham-se àquelas que tipificam indivíduos de IE elevada, mas operam no grupo em geral. Há muitos métodos para ajudar uma equipe a melhorar sua IE coletiva. Um indício disso: uma atmosfera positiva para a diversidade e inclusão. Assim como a cultura de uma equipe depende das normas seguidas pelos membros, o mesmo se passa com as organizações como um todo. Tudo começa com o treinamento.”


  1. Treinamento de IE que funciona


Em resumo, os autores apontam: “selecionar candidatos usando a IE pode ser difícil, enquanto treinar para ter IE pode ser muito mais efetivo. Há muitos métodos para desenvolver a IE, mas os melhores possuem alguns pontos em comum. Eles motivam e encorajam os participantes; oferecem horas de treinamento suficientes; o treinamento é contínuo, não uma única vez; os participantes têm apoio social uns dos outros ou de colegas de trabalho; e os líderes da organização modelam a IE e encorajam as pessoas a desenvolver novos pontos fortes nessas soft skills.” E finalizam dizendo que, como será visto, “tudo isso pode acontecer de forma mais poderosa quando uma empresa admite a importância da IE.”


  1. Construção de uma cultura de IE


Em suma, os autores refletem sobre a construção de uma cultura de IE: “organizações voltadas para o futuro injetam IE no DNA de sua cultura. Os dados mostram que ser uma corporação inteligente emocionalmente fortalece o desempenho, conforme demonstrado por muitas métricas: lucratividade e crescimento, retenção de funcionários e lealdade, motivação e engajamento mais positivos. Tais empresas incorporam soft skills, como a IE, a suas análises de desempenho, junto com as usuais medidas de hard skills. Elas oferecem treinamento em IE e encorajam funcionários de todos os níveis a realizá-lo. Associar IE ao DNA significa que a liderança serve de exemplo e a defende. Uma aliança mais poderosa envolve líderes empresariais que endossem a IE e um departamento pessoal que ofereça maneiras de melhorar esse conjunto de habilidades. Mas, se essa ideia for nova para uma empresa, as mudanças essenciais demandarão tempo - e exigirão persistência e paciência. Os líderes podem tomar medidas específicas para conduzir a organização nessa direção. Entre elas, mostrar como a IE é importante para as metas e o resultado financeiro; dar o exemplo de IE, gerenciando bem as próprias emoções e relacionamentos; ter abertura sobre os próprios sentimentos; e mostrar empatia pelo que as pessoas estão passando.” E encerram com as palavras: “ Como veremos na quarta parte, essas habilidades pessoais serão essenciais para o conjunto de aptidões de que todos precisaremos para enfrentar os eventuais desafios e crises que nos aguardam em anos vindouros.”


Parte IV


O futuro da inteligência emocional


  1. A combinação crucial


Os autores evidenciam alguns pontos-chave: “a IE será necessária, mas por si só não basta, para enfrentarmos os desafios que despontam no horizonte imediato - para não mencionar os do futuro distante. Uma combinação de capacidades potencializará melhores respostas a crises, desafios e oportunidades que a humanidade deverá confrontar. Para começar, um forte sentido de propósito servirá de combustível à motivação necessária na busca por soluções. Os jovens parecem particularmente atraídos pelas causas e organizações que percebem seu propósito em termos de um bem maior. Finalmente, como veremos no próximo capítulo, duas outras habilidades incluem a compreensão de sistemas e o espírito da inovação.”


  1. Inovação e sistemas


“O primeiro passo em um ato criativo frequentemente começa com a curiosidade, em que exploramos à vontade e coletamos muitas informações, tudo relacionado de alguma forma ao problema que precisa de uma solução criativa.”, ponderam os autores.

Segundo os autores, uma pesquisa demonstra que uma curiosidade saudável pode nos tornar  mais criativos. A curiosidade, assim, traz benefícios para a criatividade, o que ajuda a solucionar problemas complexos. Então, nas palavras dos autores, quanto aos tipos de curiosidade: “A melhor é a assim chamada ‘exploração jubilosa’, um interesse abrangente a um genuíno prazer de aprender e de refletir profundamente.”

Nesse rumo, há uma manobra mental cada vez mais importante para o futuro: “ficar aberto à percepção criativa, semente de toda a inovação.” As ideias fluem quando estamos em “momentos desconectados”. Os autores exemplificam: “O melhor a fazer é sair para uma tranquila caminhada”, relaxar numa praia, tomar uma chuveirada, ou ainda, no tédio do metrô. Momentos que desviam o foco dos problemas. Com isso, “as soluções emergem das profundezas da mente em um momento eureca de iluminação. As boas ideias surgem aparentemente do nada.”

Diante disso, há um processo de sintonia fina que caracteriza a fase de execução, em que “o novo e inovador conceito passa pelo teste de desempenho e pelos ajustes e melhorias necessários para ser cada vez mais aprimorado.”, pontuam os autores.

Adiante, os autores refletem: “Embora a percepção nova e útil possa parecer a parte difícil do arco criativo, pessoas criativas muitas vezes afirmam que a fase mais difícil é a da execução, pois significa materializar a nova ideia em uma forma útil, o que exige não apenas habilidades técnicas relevantes, como também disciplina, foco e a capacidade de inspirar outros a se unirem a nós - em suma, inteligência emocional.”


Então, Dan e Cary afirmam: “criar essa realidade final pode implicar um processo infindável de identificação de falhas, resolução de problemas e superação de desafios imprevistos. Foi o que descobriu o estudo de Harvard sobre um ‘dia bom’: ‘O acúmulo de pequenos passos adiante compartilhados por muitas pessoas pode se traduzir em uma excelente execução.’”.

Assim, ponderam: “O futuro só trará mais pressões e oportunidades para as empresas sobreviverem, e até prosperarem, por meio da criatividade e da inovação.”

Quanto ao sistema, este é cheio de problemas. Os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres, há a corrupção, problemas ambientais, dentre outros. Para isso, é preciso, segundo os autores, uma “mudança radical do sistema”.

Nessa direção, segundo eles, a consciência organizacional (competência de IE) oferece uma perspectiva sistêmica, que descreve as relações entre uma família ou organização, de modo que “essa consciência se aplica a todos os níveis de um sistema.”, tanto sistemas econômicos quanto políticos. Isto é, “a empatia em escala global.”

 Tanto nas famílias quanto nas organizações há alguém que exerce maior influência. Para os autores, ser “capaz de entender quem influencia quem está no cerne da competência de consciência organizacional.”

Com isso, afirmam: “no coração da consciência organizacional reside a habilidade de interpretar as correntezas emocionais e as relações de poder em um grupo, e dessa forma saber quem influencia quem.” E prosseguem que isto quer dizer: “compreender em que sentido uma organização é um sistema social - e tal capacidade depende do pensamento sistêmico.”

Assim, lecionam que aliada às redes influência, tal sensibilidade possibilita identificar as regras tácitas e os valores guias que se aplicam a essa realidade social, para que se reconheça as redes pessoais relevantes e, com isso, que se encontre os sujeitos certos para tomar as decisões nevrálgicas - e ainda que se construa uma coalizão para realizar as tarefas.

As crises mundiais, os problemas ambientais, as desigualdades sociais, a corrupção, e etc, evidenciam uma maior necessidade de pensamento sistêmico, para enfrentar tais desafios. Tal consciência sistêmica permite-nos entender como essas dinâmicas impactarão nossos objetivos e a forma como pretenderemos atingi-los.


Tais problemas, porém, geram desafios a nossa saúde coletiva, como poluição, produtos químicos etc. Então, o que fazer diante desses impactos para nossa saúde coletiva?

“É ai que a combinação de capacidades - inteligência emocional, forte senso de propósito, inovação e pensamento sistêmico - torna-se essencial.”, respondem.

Daí a importância da transparência na divulgação das informações dos produtos químicos, bem como uma maior visão sistêmica, que permitiria um melhor olhar acerca desses produtos, aliada, por certo, à inteligência emocional.

Diante disso, devemos concentrar esforços onde possamos fazer a diferença. Sozinhos não podemos fazer muito. Porém, talvez em uma rede de pessoas colaborativas, possamos fazer alguma diferença. Nesse sentido, Dalai Lama sugere, nas palavras dos autores: “a fazermos tudo que pudermos pelos objetivos que são importantes para nós, ainda que não possamos viver para vê-los sendo conquistados: ao menos teremos feito nossa parte em levar a bola mais adiante no campo.”

Os autores afirmam que, no momento em que escrevem este livro, a população da Terra atinge 8 bilhões de pessoas. Para Dalai Lama, “precisamos aprender a viver juntos”. Tudo isto requer que repensemos os sistemas que há muito tempo temos como assegurados.

Nesses ventos, o presidente da escola de negócios da Universidade de Columbia, observa que até mesmo as bases de nossas trocas econômicas estão sujeitas a questionamentos à luz das “mudanças climáticas, das questões de justiça social e do que a globalização significa para as sociedades.”  Ele acrescenta: “tudo isso suscita profundas questões sobre o que pode ser o futuro.”

Dan e Cary, assim, encerram e concluem: “Conforme avançamos pelas incertezas do futuro - um planeta mais quente, mais pessoas competindo por menos recursos, o abismo crescente entre ricos e pobres, a polarização cada vez maior entre crenças e ideologias, para citar apenas algumas tendências -, gerenciar nossas emoções desponta como um primeiro passo para lidar com as crises que certamente enfrentaremos. Isso nos permitirá tomar decisões mais sólidas em face de situações difíceis, permanecer motivados e focados nos objetivos e manter relacionamentos positivos. A colaboração e o trabalho em equipe sem dúvida serão essenciais.” E ainda: “Podemos planejar para os próximos cem anos, mas não sabemos o que vai acontecer no próximo momento.”, um sábio iogue indiano disse a Dan certa vez. Então: “Inovações ainda por surgir podem representar uma mudança fundamental nas regras do jogo. Em suma, ninguém sabe.” E, por fim: “Com essas advertências em mente, percebemos, ao olhar adiante, para o modo como a inteligência emocional pode fazer diferença, que penetramos na névoa do futuro. Um aviso: não fazemos ideia do que há nessa névoa densa, mas esses foram os melhores palpites sobre quais conjuntos de habilidade, junto com a inteligência emocional, poderiam nos ajudar a navegar por essas águas tormentosas que nos aguardam.”


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