Liderança em Tempos de Crise na Saúde
James era o vice-presidente sênior de uma importante empresa de seguros de saúde. A certa altura, uma divisão em sua organização enfrentou um período particularmente desafiador. O líder do grupo precisou tirar uma licença médica ao ver os negócios de seu setor passarem por um intenso escrutínio regulatório. James percebeu que “as pessoas ficaram totalmente em pânico” e que ele precisava ser “tranquilizador e inspirador” para ajudá-las a superar o momento turbulento.
Ele queria estar por perto para oferecer essa orientação em meio à crise, mas o escritório onde normalmente trabalhava ficava a quase dois quilômetros da sede do grupo. Assim, transferiu temporariamente sua base de operações para uma sala de reuniões no local de trabalho desse pessoal.
Além de reconfortá-los com sua presença. James também ajudou o grupo a lidar com os próprios sentimentos. Em suas palavras: “Percebi que se chegasse lá assustado e assoberbado contribuiria para o pânico e pensamentos como ‘ Ai, meu Deus, se esse cara é o chefe e está desse jeito, estamos lascados!’. Assim, senti que precisava demonstrar para eles que, embora a situação estivesse longe de ideal, essas coisas aconteciam. E que estávamos preparados para enfrentá-la”. Ele tinha razão. O grupo conseguiu superar as semanas difíceis e foi bem-sucedido em lidar com as mudanças na regulamentação.
O impacto de um líder em seus subordinados é uma das coisas mais importantes numa crise. É nesse momento que sua IE passa por uma real prova de fogo, como no caso de James.
Consideremos o exemplo de uma grande reestruturação hospitalar na província canadense de Alberta que tumultuou demais o ambiente de trabalho. Houve consequências para as equipes de enfermagem e para os pacientes. Pesquisadores da Universidade de Alberta entrevistaram mais de 6 mil enfermeiros registrados em hospitais para casos graves na região. Os subordinados a lideres com um estilo emocionalmente inteligente não só relataram menor esgotamento e sintomas psicossomáticos e melhor saúde mental, como também que sua saúde emocional havia melhorado no último ano. A IE mais elevada da liderança também resultou em maior colaboração e trabalho em equipe com os médicos, além de mais satisfação com os supervisores e o emprego. Já a enfermagem subordinada a líderes de baixa IE relatou piora em sua saúde emocional no mesmo período e o triplo de episódios em que as necessidades de cuidados dos pacientes não foram atendidas.
Em certas ocupações, lidar com crises é a essência do trabalho [...] As mais significativas [competências emocionais e sociais] eram o equilíbrio emocional e a resiliência, a capacidade de se adaptar a consequências extremas, saber se pôr no lugar do outro, atuar como um coach/mentor eficaz e proporcionar uma liderança inspiradora.
Fonte: Daniel Goleman & Cary Cherniss. Optimal como Atingir o Desempenho Máximo nas Equipes e na Liderança. Tradução: Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro: Objetiva, 2024. p. 141 e 142.
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